Plantas Tóxicas ou Venenosa
É relativamente comum ouvimos dizer que um boi, uma vaca, um cavalo ou um caprino "morreu de erva". Isto significa que sua morte foi causada por uma planta tóxica ou venenosa. Segundo alguns técnicos temos, no Brasil, algumas dezenas delas.
Para que ocorra a morte, é necessário que o animal ingira um determinado volume da erva, que contenha uma dose suficiente para envenená-lo. Essa dose varia com o princípio tóxico (veneno) da planta, com a espécie do animal, raça, tamanho, idade, cor, sexo, estado de saúde, estado de nutrição, resistência física, etc.
O princípio tóxico pode estar em todas as partes da planta ou apenas em uma ou algumas delas, como folhas, raízes, caule ou, ainda sementes ou frutos nos quais, em geral, é mais acentuada por serem as partes em que as plantas armazenam suas reservas para a reprodução.
Elas podem ser tóxicas durante toda a vida, durante somente certos períodos do seu ciclo vegetativo, durante todo o ano ou somente em certas épocas ou até mesmo por um aumento passageiro da sua toxidade devido a certas situações como mudança de clima, natureza do solo, tipo de adubação (nitrogenada), luminosidade, etc. Até certas forrageiras podem apresentar algum grau de toxidade, mesmo que passageiro, como o sorgo e o capim angola, pelo aumento do seu teor de ácido cianídrico.
Plantas tóxicas são as que, ingeridas ou comidas de maneira natural e acima de determinadas quantidades, pelos animais, podem causar-lhes uma série de distúrbios nervosos e musculares e até a sua morte por intoxicação.
A maior incidência de animais intoxicados ocorre principalmente em regiões novas, nas quais estão sendo "abertas" fazendas em zonas de matas, pois é nelas que se encontram grandes quantidades de plantas tóxicas e os criadores ainda não as conhecem.
Nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo, a grande maioria das intoxicações são causadas, principalmente, pelas seguintes ervas:
► Cafezinho (Balicourea marcgravii Hill);
► Coerana branca (Cestrun laevigatum) e
► Samambaia (Pteridium aquilinum).
Na região Sul, podemos citar:
► Samambaia;
► Mio-mio (Baccharis cordifolia) e
► Clavariacea (Ramaria flavobrunnescens).
Na região Norte, a principal planta venenosa, que causa problema, é a timbaúba.
Na região Centro-Oeste, a maior responsável pelos acidentes é a coro ou cipó-prata (Mascagnia pubiflora).
Na época da seca, temos que tomar cuidado, pois é a época das intoxicações por ingestão de plantas tóxicas. Nesta época, a maioria das plantas já foram consumidas pelos animais e assim, estas plantas se destacam nas pastagens pois estão verdes e os animais muitas vezes já não tem mais o que comer.
Na medida em que vem a seca, o pasto vai rareando nas áreas mais centrais e cada vez mais os animais buscam o contorno do pasto, que muitas vezes é de mata e de margens de fluxos de água. Nestes pontos, as plantas tóxicas prevalecem pois o solo não foi limpo antes da plantação do pasto e são ingeridas em meio ao capim que para lá se expandiu, em busca do solo mais úmido.
Um bom preparo da mão de obra da fazenda leva a que esta saiba qual a causa do problema em função dos sintomas que os animais intoxicados apresentem e que também a reconheça em meio ao pasto e à mata e a remova completamente, bem como faça a aplicação de herbicidas adequados.
ERVA-DE-RATO - Planta perigosa
Na área do Brasil Central, a mais comum é a conhecida como Erva de Rato,(Paulicourea marcgravii Hill), também conhecida como Erva-de-rato-verdadeira, erva-de-rato-da-mata, café bravo ou Cafezinho, é uma rubiácea, como café, para qual se calcula em torno de 25% das ervas tóxicas encontradas.
Devido à confusões na sua identificação, muitas outras plantas são, também, mas erroneamente, chamadas de erva-de-rato. A erva-de-rato verdadeira é encontrada em capoeiras, matas, derrubadas novas, tanto em serras quanto em baixadas.
Arbusto de até 3m de alturas, caule lenhoso e nodoso, folhas opostas lanceoladas, variando de coloração e de tamanho. As flores ficam nas pontas dos galhos, são tubulosas com a parte superior azulada ou roxo escuro e a inferior amarelada, além das panículas alaranjadas ou avermelhadas.
Produz pequenas bagas de 6 a 7mm, arredondadas e avermelhadas, quando novas, mas que vão enegrecendo. Devemos arranca-las pois, somente roçando, ela rebrota.
Toda as suas partes são tóxicas e ingerindo 0,8g por kg de peso vivo, o animal cai, de repente, ao solo e morre em mais ou menos 2 horas.
A intoxicação pela erva-de-rato apresenta-se sob forma superaguda e os seus sintomas aparecem poucas horas após a sua ingestão: após cair no chão, o animal morre de morte súbita, em poucos minutos. Antes de cair às vezes, ele apresenta respiração ofegante, tremores musculares e desiquilíbrio do trem posterior. A morte pode ser precipitada, quando o animal é obrigado a fazer exercícios.
O diagnóstico é feito, principalmente, pela necropsia e depois pelo exame microscópico para comprovar lesões nos rins. Não há tratamento, sendo melhor evitar o contato dos animais e seres humanos com a erva.
Nesta, os sintomas surgem no período entre 5 e 24 horas após a ingestão, com um quadro agudo, com tremores musculares, convulsões e excitação, embora na maioria dos casos os sintomas passem desapercebidos.
Tratamento
O tratamento pode ser feito com antitóxicos, glicose e gluconato de cálcio.
Em regiões onde a planta é conhecida, ao se tocar o animal, se percebe que ele pode ter ingerido a erva de rato, as vezes só o repouso pode recupera-lo.
ESPICHADEIRA - Planta venenosa
A espichadeira (Solanum malacoxylon) é uma planta venenosa que produz uma doença crônica que pode durar de poucas semanas a meses ou anos, dependendo da quantidade de plantas ingeridas.
É um arbusto de 1,5 a 2,0m de altura, de solos argilosos, úmidos encharcados como brejos ou mesmo em águas paradas. É muito comum no pantanal, na região Centro-Oeste do Brasil.
Sua maior incidência é de julho a setembro, quando ocorre, também, uma grande desfolha, misturando-se suas folhas ao pasto.
Sintomas
Os sintomas são: pêlos ásperos, cifose, arritmias e sopro cardíaco, emagrecimento progressivo, dificuldade de locomoção, andar duro, com apoio mais nas pontas dos cascos e dos membros anteriores, apresentando, às vezes, as extremidades (carpos) desses membros, ligeiramente flexionados. O animal fica muito tempo deitado e morre.
Os primeiros sintomas aparecem poucas semanas depois que o animal começa a ingerir a espichadeira, pela ação gradativa do seu princípio ativo, ou seja, uma substância hidrossolúvel de ação semelhante à da vitamina D.
Por exame de laboratório, podemos verificar que há um aumento nos teores de cálcio e de fósforo no sangue dos doentes. O diagnóstico é feito, principalmente, pela necropsia.
Essa doença é conhecida no pantanal mato-grossense como "espichação" ou "espichamento". Para combatê-la, o melhor é a erradicação das plantas das redondezas das pastagens ou dos caminhos que o gado faz pra ir de um pasto para outro, durante as rotações de pasto ou quando vão para o corte.
É uma doença que pode atingir qualquer animal, mais costuma causar maiores prejuízos nas criações de gado bovino para corte, o mais comum tipo de criação na região do pantanal.
ERVA-COERANA
A erva-coerana (Mascagnia pubiflora), também conhecida como: coro ou cipó-prata, é encontrada em solos fertéis, em beiras de rios, de córregos e de outras águas e nas regiões vizinhas do pantanal mato-grossense, durante todo o ano. Quando ingerida, causa intoxicação e a morte dos animais.
É uma trepadeira de flores amarelas com 2cm de diâmetro e frutos de 2cm de largura. A principal causa predisponente. Isto é, que faz aparecerem os sintomas ou os intensificam, principalmente quando o animal esta exposto ao sol, é o cansaço, por menor que seja, quando o gado é forçado em viagens ou mesmo na propriedade, quando são tocados nos pastos, o que, também acelera a morte do animal intoxicado por essa planta.
Os sintomas aparecem 24 horas após o animal ingerir esta planta e são:
► Animal deitado e que, mesmo quando forçado, não quer levantar;
► Há tremores musculares e um andar rígido e basta esbarrar ou "cutucar" o doente que se ele, imediatamente, se joga no chão para se deitar.
Os sintomas podem, de repente, se tornar mais intensos. O animal cai no chão, fica "pedalando" e morre. A doença pode ser superaguda, matando o animal em poucos minutos ou aguda, morrendo ele em 48 horas.
A morte ocorre, como na forma aguda da doença, em poucos minutos. O diagnóstico é feito, principalmente, tendo como ponto importante verificar a existência de uma lesão microscópica que ocorre nos rins. Não há tratamento, sendo aconselhável, ou não colocar o gado em pastos ou outros locais nos quais exista a erva isolando-os com cercas ou, então fazendo a sua erradicação das pastagens.
Outro cuidado para evitar perdas de gado é deixar os animais durante alguns dias em pastos livres da erva, antes de fazerem viagens.
De alta toxidade, seu princípio ativo é destruído pela secagem. Na necrópsia, encontramos congestão do fígado e fortes hemorragias nos pulmões, rins e intestinos.